quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Bem como hoje.

Pairo pelo espaço buscando olhares ternos e confortáveis ombros nos quais eu possa me apoiar por apenas um dia.
Não quero mais. Talvez no máximo dois ou três.
Procuro a disparidade.
Quero tratar com desmerecimento o que me oferecem e ser um completo idiota.
Correr de ti, e atrás de ti. Me esconder e te procurar.
Chegar ao quarto 622 sem chutar pra cima as formalidades de décadas passadas, mas odiando o amor.
Adoro o meu acaso, e dele me sustento.
Cuspo no meu prato, mas depois, não me nego a ingerir novamente minha saliva.
Nojo de mim não tenho, só às vezes.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Pressão atmosférica.

Descobri, essa noite, que eu só durmo pra poder pensar (sonhar) que faço tudo aquilo que eu sempre quis fazer.
Descobri também, já durante o dia, que me igualo às mais escuras nuvens de verão. Dessas, que prometem dilúvios, ventam horroes, mas que na maioria das vezes, só fazer subir, por pouco tempo, o cheiro de terra molhada.
Fico maluco e me desgraço graças às minhas vontades mais nojentas e desasseadas.
Percebo que, quanto mais procuro um mundo que se adeque ao que me convêm, mais eu fujo do mundo no qual eu vivo.
Eu quero o vício!
Eu quero chover de verdade.
Não tem mais graça ver as pessoas sairem de casa com seus guarda-chuvas nas mãos, sendo que nunca chove.
Nunca chove!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Ela.

A ausência de um nome, a voz que nunca ouvi, os olhos que me olhavam discretamente, o sorriso metálico cedido a outros, seu bom gosto para roupas, os pés descalços e sua baixa estatura.
Simétrica e exata.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Toujour...

Quarenta e quatro dias.
Serão quarenta e quatro dias reclamados, cuspidos no calendário e ejaculados pelo tempo com uma velocidade da qual eles não precisariam agora.
Me pergunto por que os minutos não transformam em trezentos segundos?
Ou melhor. Por que o sol não se esquece de nascer por uns dias, ao menos enquanto eles estiverem bem pertinhos um do outro, matando toda a vontade que será acumulada por um bom tempo?
Quem dera.
São litros e litros de água que têm gosto de lágrimas e mais de nove mil e quinhentos quilometros que não hão de ser nada.
Isso, ao menos, enquanto eles falarem bem baixinho, um no ouvido do outro, aquelas palavras que tão bem soam quando bem pronunciadas:
JE T'AIMÉ TOUJOUR, MON AMOUR... TOUJOUR!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Não tem título mesmo...

As vezes sou só meio termo.
Digo e não faço, ou então faço mas não digo nada.
Tento explicar e me fazer entender através de gestos e ações, só que nem sempre isso funciona.
Sei lá. Falar, ser direto, me parece tão pouco apropriado em certos casos.
Mas veja bem...
A pipoca que não comi, o sapato branco sujo com o qual não me importei, o filme que não terminei de assistir, os textos escritos, as bossas novas que aprendi a tocar, as bebidas que bebi pra lembrar de tudo... Enfim... Era isso. Pensei que eram suficientes.
Mas deixa.
Talvez esse seja só mais um dos filmes do Bertolucci, nos quais, comumente, a mocinha nunca fica com o protagonista.
O porquê?
Ele não merece ela.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um ex-forasteiro.

Ando engasgado desde que tentei engolir a seco o meu acaso.
Me degrado e me deleito nos prazeres da inconsciência enquanto grito correndo riscos e avenidas como um cão sem dono que morre por algumas horas sem deixar saudades.
O preço disso tudo?
Sete miseros pilas.