Aproximava-se o fim da primeira hora de uma noite que ainda não havia anoitecido quando eu a vi.
Penso que, fisicamente, cinquenta metros nos separavam. Ela, porém, em seus pensamentos, aparentava estar muito mais longe do que isso.
Caminhavamos na mesma direção e eramos iluminados pela mesma luz de um céu indeciso, no qual, nuvens carregadas e esparsos raios de sol disputavam o mesmo espaço.
Acometido pela euforia da coincidência, e em resposta aos meus reflexos, acelerei meus passos e iniciei uma marcha em sua direção a fim de alcança-la e, após isso, alveja-la com sorrisos e frases que eu ainda nem havia elaborado. No entanto, quando retorno à razão, decido adotar outra postura, e assim, volto a diminuir meus passos e fico à admira-lá, enquanto que ela, prossegue com sua aparente divagação.
Estava linda. Indiscutivelmente...
Noto seus pés... Calçados por sapatos baixos, que quase se arrastam ao chão, aparentando estarem tão pesados quando os pensamentos que a faziam ir tão longe.
Noto seus cabelos... Meio presos, meio soltos, os quais ela ajeita discretamente após se espelhar nos vidros de um automóvel inerte.
Noto também a blusa que lhe veste... Era aquela que lhe cai muito bem em dias de calor como este.
Noto, ainda, que ela caminhava em tom cansado e de forma desordenada. Talvez estivesse tentando perder algum tempo que lhe sobrava.
Talvez um minuto tenha se passado, e eu já havia caminhado uns cento e cinquenta metros até que cheguei ao meu destino. Ali parei por mais uns segundos e, com meu olhos, a persegui enquanto ela ia seguindo o seu caminho.
Foi bom. Eu ao menos, acabei me sentindo melhor.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
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